Cara ou coroa

Você já parou para pensar por que as moedas são “cara ou coroa”?

Traços faciais têm sido relacionados a caráter e habilidade desde os tempos ancestrais. Durante o Império Romano, imperadores usavam sua própria imagem no dinheiro para transmitir mensagens aos cidadãos de Roma. Numa época em que os meios de comunicação eram bem escassos e a esmagadora maioria da população não tinha contato com a autoridade, seu retrato nas moedas era um meio de estabelecer identificação e relacionamento (nem sempre o mais inspirador) com o povo.


Interessante é observar que, ao longo dos anos, os imperadores foram retratados como maduros e experientes ou como jovens e inovadores, a depender da circunstância histórica e da necessidade de imortalizar Roma e seus governantes.

Júlio César foi o primeiro imperador a usar a própria imagem no dinheiro circulante. (Antes dele, as moedas eram identificadas com imagens de deuses ou ancestrais.) Com essa inovação, ele quis, de fato, fazer o uso das mensagens subliminares para invocar o seu poder, o seu status e a sua autoridade, pois seu governo estava ameaçado pela conspiração de um grupo de senadores.

Imagens: Wikimedia Commons/ Divulgação/Museu Nacional de Antiguidades em Leiden

Para isso, seu retrato foi um tanto quanto “distorcido”. A imagem na moeda é forte em contraponto à sua imagem original, de traços estreitos, que podem ser confundidos com fragilidade. Na moeda, percebe-se um pescoço grosso (robustez masculina causada por excesso de testosterona), linhas retas e inclinadas nos traços, olhos profundos e incisivos, nariz projetado e testa inclinada. 

O mais intrigante de toda essa história acerca de moedas é que ela nos prova o quanto os traços faciais podem ser lidos – ainda que subliminarmente – e funcionar como instrumentos de poder ao doce sabor do contexto social e econômico vigente. Nas épocas mencionadas nesse post, os recursos de comunicação ainda eram rudimentares e o dinheiro (um dos poucos objetos a “rodar” de mão em mão) foi sabiamente usado para uma certa manipulação dos súditos do governo.

E hoje? Como será que somos influenciados por símbolos, signos e seus significados em todos os estímulos a que somos submetidos diariamente?

Esse é um assunto longo e vai render conversa para muitos outros posts. Fique ligado! 😉

(Imagens: GIPHY, Pinterest, Unsplash)

Um abraço e até logo,