Você já me ouviu usar o termo “Síndrome de Sansão”? Cunhei essa expressão para falar sobre a dificuldade que muitas mulheres têm em cortar os cabelos.
De fato, os cabelos longos apontam para o chão e podem conferir às pessoas uma sensação de estabilidade, de segurança. Assim, os fios podem se tornar uma bengala e servir de apoio em momentos mais desafiadores. Por exemplo, quando temos que encarar uma situação difícil, é comum ver muita gente se escondendo por detrás dos cabelos. Se há alguma insegurança em relação ao próprio corpo ou aos traços faciais, o que muita gente faz? Joga o holofote nos cabelos, que vão chamar tanto a atenção que as pessoas não vão nem olhar para o restante.
Muitas mulheres acreditam que a própria força reside nos cabelos. Pode ser verdade, para algumas delas, mas será que, caso se apoiem em seus atributos naturais, e não no elemento externo, elas próprias não se garantem? Até que ponto essa bengala do cabelo comprido está servindo para ancorá-las?
A proposta desse post não é fazer um julgamento de valor, e, sim, provocar uma reflexão. Seus fios compridos são, realmente, estratégicos ou servem como uma bengala, um apoio externo?
A Síndrome de Sansão é uma doença?
O nome escolhido pode causar alguma confusão, à primeira vista.
No sentido clínico da palavra, síndrome pode estar associada a uma patologia, a uma condição que indica que existe algo de errado acontecendo com o nosso organismo, algo que não é esperado dentro da função fisiológica.
O primeiro esclarecimento que quero fazer é que existe uma diferença entre síndrome e doença. A síndrome pode ter uma causa desconhecida ou um conjunto de fatores que causam aquela condição. Então, síndrome é um estado, é uma condição, e essa condição pode ser patológica ou não.
Ainda há a possibilidade de atribuir a ela um sentido figurado. Escolhi a palavra “síndrome” como a definição de um estado ou condição que tem causas múltiplas. Olha como essa palavra foi bem colocada: estamos falando sobre um dificuldade que as mulheres têm em cortar os cabelos, principalmente uma dificuldade em relação aos cabelos que são considerados curtos. E as razões podem ser diversas. É sobre elas que vamos conversar agora.
“Mas, a minha sensualidade vai embora com os cabelos…”
Uma das justificativas mais usadas para manter os cabelos longos é a de que cortar os fios vai fazer a mulher perder a sensualidade e/ou a feminilidade. Realmente, há um consenso no inconsciente coletivo de que os cabelos longos estão relacionados a esses atributos.
No entanto, sensualidade é um comportamento ativo. Ninguém é sensual parada, de boca fechada, sem instigar o outro com um olhar. E, se a questão da sensualidade está ligada aos cabelos, nenhum cabelo, por si só, consegue transmitir esse atributo de uma maneira estática. Então, a mulher que se considera sensual e que apoia a sensualidade nos cabelos longos deve usá-los para envolver as outras pessoas, como em uma dança. Com o gestual, você está buscando trazer o outro para o seu campo de energia. Assim, que tem os fios longos e que acredita que eles ajudam nesse comportamento de sensualidade tem de fazer essa dança.
A primeira reflexão que quero trazer é sobre perceber-se. Quanto e como você usa os seus cabelos nesse movimento de sensualidade? Fiz essa pergunta várias vezes a clientes e amigas, e, quando olhei para a pessoa, não percebi gesticulação alguma com os cabelos. Em muitos casos, elas estavam, constantemente, usando coques ou os cabelos presos. Se o gesto não existe, os cabelos longos, por si só, não vão exercer esse papel.
Ficou claro é o que é a Síndrome de Sansão? Você sofre ou já sofreu dessa condição?
Na segunda parte deste post, vamos conversar sobre alguns fatores que podem contribuir para essa dependência dos fios longos.
Até lá!
